quinta-feira, 26 de novembro de 2009

prefacio da obra GRITOS E PENUMBRAS, POR NBUKUSO, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO uan

Prefácio



A minha análise cingir-se-á numa apreciação do conteúdo formal mas dos grandes eixos das temáticas desenvolvidas pelo Bussulo Dolivro. Assim logo de partida, ao ler o título da obra, o leitor avisado tem a sensação de estar perante João Maiomona ou mesmo até Aimé Césaire. Nota-se na linguagem deste conjunto de poemas a afirmação de uma dualidade, em que o autor faz transpirar e transparecer um e o sentimento profundo de um ser, herdeiro de uma catástrofe mas com a esperança de que ainda existe a possibilidade de ressuscitar (…) as imagens que o mesmo faz surgir, são aquelas que tentam reconstruir o sonho dos antepassados, sonho de viver melhor, mas atrofiados por aqueles que ele designa metaforicamente de “seres de corações atrofiados”.



Bussulo define nos gritos e penumbras a sua missão enquanto poeta. Esta missão é multiforme: antes de mais a de despertar as consciências que leva o homem a responsabilizar-se e de assumir-se com lucidez. Com esta missão ele luta contra os males que assolam (o caminho do homem e o destino das sociedades), como é a sua linha de pensamento.



A base da acção do poeta, pode-se sentir a sabedoria humana em que se cruzam a dupla dimensão carnal e espiritual e adquire sentido, formas, consistência e eficácia com a cumplicidade do tempo e espaço.



Ao escutar a musicalidade desta obra, o poeta apresenta-se como uma vítima do por acaso da natureza, como alguém afectado negativamente pelo curso da história e pelas suas consequências negativas. Esta situação o torna persistente. Nesta fase em que se escreve a humanidade, caracterizada pela ansiedade para alguns e o desespero para outros, a acção de Bussulo Dolivro é a de conservar a esperança.



Portanto, a poesia pode ser vista de várias formas e a forma como é concebida determina a poesia que se canta. Uma poesia real e simples e não realista e simplista, uma poesia de negação e de esperança, seguindo os traços de Maiomona, Paxe e mesmo até de Césaire, de Damas ou Franz Fanon. Isto parece natural, porquanto a vida da poesia se desenrola segundo uma “linhagem dinástica”. Os poetas tornam-se antepassados de outros poetas.



Professor. Bukusu

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